Psiquiatra Forense aponta características da personalidade de Lázaro Barbosa
Doutor Paulo Repsold é médico, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, com especialidade em Psiquiatria Forense, atividade aplicada a indivíduos supostamente portadores de transtorno mental que violam a Lei; e aos que necessitam de sua proteção, podendo ter um caráter tanto pericial quanto terapêutico.

Em entrevista ao Radar Leste BH, doutor Paulo Repsold destaca as principais características da personalidade de Lázaro Barbosa, o homem caçado pelas polícias do Distrito Federal e Goiás, suspeito de matar quatro pessoas da mesma família, balear outras três e fazer reféns.
Radar Leste BH – Como psiquiatra forense e baseado no histórico de crimes do Lázaro Barbosa como o senhor definiria a personalidade dele?
Baseado no que acompanhei pela imprensa, já que Lázaro e a família dele não foram avaliados pessoalmente por mim, percebo nele traços de certa insensibilidade aos sentimentos alheios. Outra questão é a personalidade emocionalmente instável, impulsiva e facilmente irritável. Ele demonstra ter um comportamento violento. Quando frustrado responde de forma agressiva, com frieza emocional. Uma curiosidade, percebida pelo relato das vítimas é o transtorno ligado à sexualidade. Lázaro pode ter algo não resolvido quanto à questão sexual, fazendo que tenha desejos pervertidos nessa área. Pode se tratar de um caso de deficiência genética, associado a um desenvolvimento familiar na infância e adolescência bastante perturbado. Essas são características potenciais de um caso de sociopatia.
Radar Leste BH – Mesmo sem analisar Lázaro pessoalmente o senhor pode avaliar se ele tem mesmo um transtorno psiquiátrico? Qual seria? Tem cura ou tratamento?
Ele pode ter um distúrbio psiquiátrico, um adoecimento psíquico. E não é uma doença adquirida recentemente. Trata-se de uma disfuncionalidade que o acompanha desde a infância, até ele se tornar o que é hoje. Eu sou otimista e acredito que tenha tratamento com medicamentos e acompanhamento profissional. A questão é que os tratamentos são pouco eficazes, à medida em que amenizam os sintomas comportamentais sociopatas, mas não os fazem desaparecer. A periculosidade do paciente não diminui com o tratamento.
Radar Leste BH – É possível indicar um padrão de atuação de criminosos como o Lázaro, baseado no modus operandi deles?
Sim, é possível calcular o tipo de delito que a pessoa vai praticar pelo modus operandi. O criminoso pode modificar o modo de ação e até aperfeiçoar-se para enganar a Polícia. No caso do Lázaro, ele consegue as coisas de forma agressiva, violenta, mas é um sujeito inteligente, conhecedor do ambiente geográfico e, dessa forma, consegue fugir, ludibriar as pessoas que estão à caça dele.
Radar Leste BH – O caso Lázaro lembra algum outro emblemático que o senhor tenha analisado?
Ainda não trabalhei com casos de fugas espetaculares, de impacto midiático, como os de Lázaro. Como psiquiatra forense do Departamento Penitenciário do Estado de Minas Gerais, avalio o caso dele como atípico. Histórias como essa são comuns em filmes (muitos deles baseados em fatos reais), em outros países ou são noticiados pela imprensa.
Radar Leste BH – Criminosos como Lázaro precisam ficar presos, distantes do contato social?
Sou contra a pena de morte, mas defendo penas privativas de liberdade mais severas para casos como o de Lázaro. A prisão perpétua seria muito salutar para situações como essa, onde o criminoso é de dificílima recuperação. O risco de reincidência é alto. Além disso, não é justo com a sociedade, nem com a vítima, que uma pessoa como essa retorne ao convívio social.